O Atlético de Madrid surgiu em 26 de abril de 1903. Fundado por estudantes bascos que viviam em Madrid, o clube na fase inicial levava o nome de Athletic Club de Madrid. A ideia inicial era torná-lo afiliado ao Athletic Bilbao. Por essa razão, as cores do clube o vermelho e o branco são as mesmas de sua base-mãe.
Isso também garantiu o apelido do time e dos torcedores: Los Colchoneros. Tudo porque à época os colchões na Espanha costumavam ser listrados em vermelho e branco, igual à camisa do time. Daí o apelido.
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Atlético de Madrid e a Guerra Civil Espanhola
Quando ocorreu a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), o futebol parou no país. Após o término do conflito o futebol voltou e o Athletic Aviación Club, com sua ligação ao Ministério da Aviação e a ditadura franquista, ganhou títulos e uma inegável origem vinculada ao governo fascista de então — o nome Atlético de Madrid só seria adotado oficialmente em 6 de fevereiro de 1947.
Essas conquistas ocorreram depois de o time, que então disputava a segunda divisão, não tinha estádio e estava muito perto de falir se unir a outro clube. O novo parceiro era uma equipe de Salamanca ligada ao Ministério da Aviação da do governo do ditador espanhol Francisco Franco. Daí surgiu a denominação Athletic Aviación, primeiro nome do novo clube.
Hoje, na entrada do Riyadh Air Metropolitano, o estádio do Atlético de Madrid, há um monumento com avião em tamanho original, um Saeta, para lembrar o vínculo da história do clube com as forças aéreas do país, mas também do governo fascista de Francisco Franco, que durou até 1975, quando o ditador espanhol faleceu.
A aviação, aliás, é responsável por passagens terríveis na Guerra Civil Espanhola. Basta lembrar que a Legião Condor, unidade aérea da Alemanha Nazista, serviu à Aeronáutica Nacionalista de Francisco Franco durante o conflito.
O famoso quadro Guernica, de Pablo Picasso, é um retrato do bombardeiro de aviões nazistas à cidade basca de Gernika. Nesse ataque, centenas morreram, entre essas pessoas estavam mulheres, idosos e crianças.
Além disso, o time de Salamanca, com o qual o Athletic se uniu, era formado por oficiais e soldados que lutaram pelas forças falangistas de Franco. O primeiro presidente desse novo clube, que posteriormente viria a se tornar o Atlético de Madrid, foi Francisco Vives Camino, um militar e engenheiro aeronáutico que lutou a Guerra Civil pelo lado dos franquistas.
Outro presidente do clube após a fusão foi Luis Navarro Garnica, tenente-coronel também profundamente ligado à ditadura franquista. Além deles, o clube teve ainda o também militar franquista Manuel Gallego Suárez-Somonte, que foi presidente do clube entre 1941 e 1945, e o jornalista Jesús Suevo, um falangista de primeira hora e simpatizante do nazi-fascismo que depois serviria de base à ditadura franquista.
Suevo se tornou presidente do Atlético de Madrid em 1955. Portanto, os primeiros anos dessa união foram marcados por conquistas e pela inegável presença de pessoas ligadas ao regime franquista na diretoria do clube.
Nos anos do pós-guerra civil na Espanha, o Atlético foi um dos maiores nomes do futebol do país, fazendo frente aos gigantes Real Madrid e Barcelona. Nesse período, um dos principais nomes do clube era do técnico e ex-goleiro da seleção espanhola Ricardo Zamora.
Ricardo Zamora e o Atlético de Madrid
Conhecido como o primeiro galático do futebol espanhol, Ricardo Zamora Martínez, que quando jogou pelo Barcelona ganhou o apelido de “El Divino”, acabaria preso pelas forças republicanas durante a Guerra Civil espanhola e depois pelo franquismo, por se negar a declarar apoio à ditadura fascista.
O então ídolo e goleiro da seleção chegou a ser dado como assassinado pelas forças republicanas durante a Guerra Civil. A notícia da morte do ídolo ganhou as ruas — foi o jornal ABC quem publicou essa fake news em 1936.
O nome de Zamora chegou inclusive a receber uma medalha de honra das forças franquistas, porém, na verdade, o goleiro, estava vivendo tranquilamente em Nice, na França, durante os anos do conflito em sua terra natal.
Os falangistas usaram a notícia do assassinato do ídolo como propaganda durante a Guerra Civil. Ao final do conflito, Zamora retornou à Espanha e se tornou técnico do Atlético Aviación, que depois se tornaria o Atlético de Madrid.
Com ele no comando, o clube ganhou fama após conquistar o bicampeonato nacional na Espanha em 1940 e 1941. Durante os sete primeiros anos da década de 1940 Zamora comandou o time de Madrid.
Na década de 1950, Zamora recebeu de Franco a medalha da Grande Cruz da Ordem de Cisneros pelo serviços que prestou à ditadura. Anteriormente, em 1934, o goleiro também foi homenageado pelo Governo da República, ou seja, pelos dois lados que lutaram na Guerra Civil.
Nas temporadas de 1949-1950 e 1950-1951, o Atlético foi novamente bicampeão nacional. Paradoxalmente, o técnico do time nessa época era o mitológico Helenio Herrera, um franco-argentino filho de um sindicalista espanhol exilado — para muitos foi esquema que ele implantou na Inter de Milão, com Facchetti às vezes jogando de ponta e outras de defensor, que inspirou o Carrossel Holandês de Rinus Michels.
Na década de 1970, o Atlético chegou pela primeira vez à final da Copa da Europa em 1974, quando foi derrotado pelo Bayern de Munique. Na temporada 1976-1977, a equipe conquistou novamente o campeonato nacional espanhol.
Depois, vieram anos difíceis. A equipe só voltaria a ganhar o campeonato nacional na temporada 1995-1996, ou seja, após cerca de vinte anos de fila. Em seguida, a vida do torcedor colchonero se tornou ainda mais complicada.
Rebaixamento e Diego Simeone
Em 2000, o time caiu para a segunda divisão, mesmo depois de contratar o incrível zagueiro paraguaio Carlos Gamarra, para tentar arrumar a defesa — o Atlético de Madrid só retornaria à primeira divisão na temporada 2003-2004.
A história só mudaria em 2011, após a contratação do argentino Diego Simeone para ser técnico da equipe. Com ele, o Atlético ganhou um jeito de jogar muito atrelado à luta e à marcação. Em 2013-2014, o time ganhou a LaLiga. Simeone repetiu o feito na temporada 2020-2021. Nesse meio tempo, ele levou o clube a duas finais da Champions League (2014 e 2016).
Hoje, fazem parte da identidade do clube uma maneira muito peculiar de jogar futebol. Porém, há ainda problemas no clube que, de certa forma, podem ser relacionados à sua história de vinculação com o fascismo.
Em 2024, a torcida organizada Frente Atlético fez uma campanha voltada para ofender com injúrias raciais o jogador brasileiro Vinícius Júnior do Real Madrid.
No ano anterior, torcedores do clube de Madrid penduraram um boneco com a camisa de Vini Jr em uma ponte em Valdebedas, em frente ao CT do Real Madrid, simulando uma espécie de “enforcamento”.
O Atlético de Madrid, após o ocorrido, publicou um comunicado oficial no qual dizia que os atos dos torcedores colchoneros “foram repugnantes e inadmissíveis”.
Assim, em razão de sua formação, o Atlético de Madrid é uma equipe que carrega em si a história da Espanha, da Europa e do futebol, tanto nos seus terríveis erros quanto em seus incríveis acertos.
Crédito foto: Reprodução/X
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